Se você já tentou parar de ter pensamentos ruins e percebeu que o pensamento voltou ainda mais forte, saiba que isso não é falta de controle. A mente não entende o comando “não pensar”. Quando você tenta evitar um pensamento, precisa primeiro lembrar dele para tentar afastá-lo. Isso faz com que ele fique ainda mais presente.
A Neurociência Afetiva mostra que pensamentos ruins não começam na mente. Eles começam no corpo. Antes da ideia, existe uma sensação: aperto no peito, tensão, respiração curta, alerta ou medo. Depois disso, a mente tenta dar um significado para o que o corpo está sentindo e cria imagens, lembranças ou preocupações. O pensamento negativo é consequência, não causa.
Quando focamos apenas em combater a mente, deixamos de cuidar da parte que realmente está pedindo ajuda: o corpo.
1. O pensamento é a tradução do que o corpo sente
Quando o corpo está em estado de alerta ou cansaço emocional, a mente cria pensamentos ruins que combinem com essa sensação. O corpo está dizendo “algo não está bem” e a mente responde criando cenários que expliquem esse mal-estar. Por isso, a origem do sofrimento não está apenas no pensar, mas no estado emocional que veio antes.
2. Lutar contra o pensamento faz ele crescer
Quanto mais você tenta controlar ou afastar o pensamento, mais ele se fortalece. Para tentar evitá-lo, o cérebro precisa acessar a imagem novamente, o que intensifica o ciclo. O esforço mental vira um tipo de resistência interna que aumenta o peso emocional daquilo que você mais deseja parar de pensar.
Quando tentamos suprimir um pensamento, o cérebro interpreta esse movimento como sinal de que aquilo é importante e precisa ser monitorado. Em vez de diminuir, o pensamento passa a ocupar ainda mais espaço na atenção. Esse efeito é chamado de “rebote cognitivo” e mostra que o problema não está em pensar, mas no esforço emocional de tentar não pensar. A mente entra em um estado de vigilância, sempre verificando se o pensamento voltou, o que acaba mantendo o ciclo ativo.
Além disso, lutar contra os pensamentos ruins gera tensão no corpo. A respiração fica mais curta, o peito mais pressionado e o estado de alerta aumenta. O corpo começa a agir como se estivesse diante de uma ameaça. Nesse momento, o pensamento negativo não é o que causa sofrimento, mas sim a reação corporal que o acompanha. A mudança começa quando o corpo reconhece que não precisa se defender. Quando trabalhamos a sensação física, o pensamento se dissolve naturalmente, porque ele deixa de ter função de proteção.
Veja o que este artigo diz sobre trauma: https://sonaremocional.com.br/traumas-da-infancia/como-superar-um-trauma/como-superar-um-trauma-neurociencia/
3. A chave é ensinar o corpo a se sentir seguro
Na Terapia de Reintegração Implícita, não trabalhamos para “eliminar pensamentos”. O foco está em reorganizar as emoções que geraram esses pensamentos. Quando o corpo aprende que não está mais em perigo, o pensamento naturalmente perde força. A mente se acalma porque o corpo finalmente pode descansar. A mudança começa no sentir, não no pensar.
Veja este artigo que explica a base neural dos pensamentos indesejados: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4158367/
4. Três práticas simples para enfraquecer pensamentos ruins
Reconheça o pensamento. Diga internamente: “É só um pensamento.” Isso diminui o peso emocional.
Localize o que o corpo está sentindo. Observe se há tensão no peito, no pescoço, na respiração ou no estômago. Apenas observe, sem tentar resolver. Nomear organiza.
Traga o corpo para o presente. Sinta a respiração passando, toque seus pés no chão, segure um objeto ou observe um som ao seu redor. Esses gestos simples mostram ao sistema nervoso que o momento presente é seguro.
Quando o corpo entra em segurança, a mente não precisa mais se defender.
5. Pensamentos não definem você
Pensamentos são respostas emocionais às experiências que você viveu. Eles não dizem quem você é. Eles não determinam seu futuro. Seu corpo aprendeu a reagir de determinado modo porque em algum momento isso foi o que fez sentido para proteger você. O que foi aprendido pode ser reorganizado. Quando o corpo aprende um novo modo de sentir, os pensamentos mudam junto.
Conclusão
Tirar pensamentos ruins da cabeça não é questão de força de vontade. É questão de ajudar o corpo a sair do estado de alerta. Quando o corpo encontra segurança, a mente encontra paz. Quando a sensação interna se reorganiza, o pensamento se transforma naturalmente. Você não precisa lutar contra sua mente. Você precisa cuidar de quem sente antes de pensar.
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