São 6h da manhã de uma linda terça-feira de sol e Daniela (nome fi ctício) acorda, toma um banho relaxante e um café gostoso que traz energia para o novo dia. Ovos mexidos, uma fatia de pão com ricota e uma fatia de mamão com um delicioso café preto meia torra. O café perfuma seu apartamento, ela mora sozinha, tem 26 anos e é nutricionista. Está focada neste horário. Estudou quatro anos de nutrição e é dona de seu próprio negócio, onde ajuda pessoas a perderem peso.
No final do dia, Daniela se encontra chorando no banheiro com o seguinte pensamento: “Sou uma farsa!
Não adiantou nada eu ter estudado, não adiantou nada eu ir naquela palestra motivacional na semana passada, não adiantou a mentoria que eu contratei!”
Quantas Danielas estão por aí hoje tentando compreender e mudar seus comportamentos, não é mesmo?
A Daniela se frustrava pois achava que todo o conhecimento adquirido na faculdade, em tantas palestras e na mentoria, iriam mudar o seu comportamento. Sinto muito se você também pensa dessa forma, mas palestras motivacionais e conhecimentos não mudam comportamentos!
Este é um assunto sério, pois talvez você seja como Daniela, que também já tenha investido tanto dinheiro buscando conhecimento que vem de fora, mas ainda não olhou para todo o conhecimento que está aí dentro de você.
Daniela se frustrava porque comia doces compulsivamente, mas se escondia em seguida no banheiro para vomitar. Estava adoecendo e esse comportamento prejudicava seu trabalho, seu relacionamento com pessoas e, principalmente, seu relacionamento consigo mesma. Ela tinha cargas afetivas que não conseguia lidar e essas cargas acabavam gerando comportamentos evitativos. Era mais fácil comer compulsivamente e gastar tempo e dinheiro com palestras e mentorias do que olhar para a dor que fazia ela se sentir dessa forma. A palestra pode até acender a faísca da inspiração, trazer conteúdos relevantes, e isso tudo é muito importante, sou palestrante e sei disso, mas a motivação para agir deve vir de dentro. E quando existe sofrimento emocional envolvido, o trabalho terapêutico precisa ser nas cargas afetivas que mantêm a pessoa refém de comportamentos nocivos.
O cérebro foi feito para sobreviver, e nessa tentativa de sobrevivência, vai criando formas adaptativas de fugir da dor. Como por exemplo, o comportamento compulsivo de Daniela por doces e a busca constante por capacitação a fazia evitar uma dor acionada por uma parte machucada.
Por isso, é fundamental buscarmos autoconhecimento e reeducação. Foi exatamente isso que aconteceu com Daniela, e após compreender a origem do seu sofrimento e passar por um processo de reeducação na terapia, ela conseguiu virar a chave e usar todo o conhecimento que adquiriu por tanto tempo. Estava travada e não conseguia cuidar de si e muito menos dos outros. Com a terapia, ela pôde se perceber com mais amorosidade e fazer escolhas mais assertivas no seu dia a dia.
“Agora já sei a mulher F#DA que sou e o que eu posso fazer”, disse Daniela após a terapia.
Palestra não muda comportamento, nem tão pouco uma mentoria ou faculdade. O que vai mudar o comportamento é o primeiro passo que você der após compreender a origem do seu sofrimento! A reeducação emocional vai te ajudar a seguir focada, se cuidando no café da manhã e no banho, ao final do dia, com orgulho de ter e fazer tudo aquilo que você merece!
Se você é como Daniela, busque ajuda e seja a
mulher FxDA que merece ser!
Artigo escrito pelo terapeuta Franco Thomassen, especialista em depressão e ansiedade, publicado na Revista Duo.